segunda-feira, 25 de maio de 2009

VINHOS DO NORDESTE


Com mais de 3.000 horas de sol por ano, clima seco e em pleno árido nordestino – a região vinícola ao redor dos municípios de Petrolina, Lagoa Grande e Santa Maria da Boa Vista, em Pernambuco, e de Casa Nova, na Bahia, mais precisamente no Paralelo 8, produz brancos, tintos e espumantes particularmente vigorosos e frutados, cujas “tipicidade e terroir tropicais” já despertaram atenção até da mais famosa crítica de vinhos do mundo, a inglesa Jancis Robinson, colunista de Prazeres da Mesa.

O fato é que, hoje, mais de 15% dos vinhos brasileiros já têm o Vale do São Francisco como procedência. É uma região em franca expansão, que começa a receber estrutura para visitação e a se destacar em matéria de rótulos que buscam uma melhor qualidade. Mas ainda há um longo caminho a ser percorrido. Veja, a seguir, algumas das 15 vinícolas situadas no vale, seus principais rótulos e projetos em andamento.

PETROLINA-
LAGOA GRANDE- BIANCHETTI -
Fica no município pernambucano de Lagoa Grande, a pouco mais de 60 quilômetros de Petrolina. A vinícola que, em 2008, completou 15 anos (vinhosbianchetti.com.br), é capitaneada pelo casal de enólogos Isanete e Ineldo Tedesco, pioneiros no vale (este último com passagem pela Boticelli). Em seus 17 hectares de vinhedos, cultivam-se as cepas Petit Syrah, Ruby Cabernet, Barbera, Tempranillo, Sauvignon Blanc e Moscato. No ano passado, o casal Tedesco apostou suas fichas numa linha de rótulos orgânicos das uvas Barbera, Petit Syrah, Ruby Cabernet, Tempranillo e Sauvignon Blanc.

RIO SOL-Criada em 2005, a sociedade ViniBrasil, união entre a portuguesa Dão Sul (www.daosul.com) e a importadora Expand, de São Paulo, não existe mais. Hoje, é a gigante lusa de vinhos que comanda os investimentos dessa vinícola, seja em recursos humanos, seja em tecnologia e pesquisas para a introdução de novas cepas naquele terroir, situado no município pernambucano de Lagoa Grande, a 60 quilômetros de Petrolina. Em uma área com potencial de plantio de 2.000 hectares, a vinícola tem hoje 200 deles cultivados com as cepas francesas Cabernet Sauvignon, Syrah, Tannat e Malbec; as castas lusas Touriga Nacional, Tinta Roriz, Tinto Cão e Vinhão; além de uma outra área, de 200 hectares, já preparada para ser plantada. “Trabalhamos, aqui, com o tripé terroir, material biológico e mão-de-obra e temos total controle sobre todas as etapas da produção”, afirma João Santos, agrônomo-chefe que comanda a vinícola, cujo vinho top é o Paralelo 8, um tinto equilibrado, perpetrado com cortes de Cabernet Sauvignon, Syrah e Alicante Bouschet (vinhas antigas) e Touriga Nacional e Aragonez (vinhas da nova geração, de 2,5 a 3 anos), 13,5% de álcool, com notas de frutas maduras. Outros destaques, que vale conferir: Rio Sol Reserva 2004 (50% Cabernet Sauvignon, 50% Syrah); o espumante Rio Sol Brut (método charmat, com as uvas Syrah , Moscato e Canelli) e o Rosé 2006 (100% Syrah).

GARZIERA-Também situada em Lagoa Grande (a 77 quilômetros de Petrolina), a vinícola (www.vinhogarziera.com.br), fundada em 1978 por Jorge Garziera, tem a produção atual voltada às uvas de mesa. Dos 200 hectares cultivados, um quarto da área é destinado às cepas Ruby Cabernet, Petit Syrah, Cabernet Sauvignon, Barbera, Moscatel e Sauvignon Blanc – a maioria delas compondo o assemblage da linha Carrancas, mais popular. Tem projeto, para 2010, de um hotel-fazenda, restaurante e teleférico.




SANTA MARIA DA BOA VISTA-

CASA NOVA -BAHIA-MIOLO-Instalada na Fazenda Ouro Verde, em Casa Nova, BA, a 75 quilômetros de Petrolina, a vinícola gaúcha (www.miolo.com.br) – a única do lado baiano – juntamente com a sócia Lovara, investiu recentemente cerca de 30 milhões de reais em uma nova e moderna cantina, visando à ampliação de sua produção. “Fizemos esse investimento a fim de atender à crescente demanda pelos vinhos da linha Terranova e do brandy Osborne (da empresa espanhola, parceira nesse empreendimento), o primeiro destilado do país feito pelo método de solera, com capacidade de produção de 60.000 litros”, diz o enólogo e diretor-superintendente, Adriano Miolo. Com a ampliação, sua capacidade hoje está estimada em 10 milhões de litros ao ano entre vinhos, espumantes e brandies. Também foi inaugurado nos últimos meses um moderno complexo enoturístico, com visitas guiadas a todas as instalações da vinícola, incluindo os vinhedos e a loja. Atualmente, a Miolo produz no vale do rio São Francisco os vinhos Reserve Cabernet Sauvignon/Shiraz, Shiraz, Dry Muscat e Late Harvest e os espumantes Moscatel, Brut e Demi-Sec.


BOTICELLI -Em Santa Maria da Boa Vista, a 83 quilômetros de Petrolina, em Pernambuco, a Boticelli (www.botticelli.com.br), encravada na Fazenda Milano, é a mais antiga vinícola do Vale do São Francisco. Com parreirais próprios cultivados em cerca de 150 hectares, produz 1,5 milhão de litros de vinho ao ano, que não estagia em barricas de madeira. Dentre as 28 cepas cultivadas, há a predominância de Cabernet Sauvignon, Tannat, Petit Syrah, Ruby Cabernet e Chenin Blanc; da espanhola Tempranillo; da italiana Barbera e Moscato Canelli; da californiana Flora; e da lusa Alfrocheiro. Seu top de linha é o recém-lançado tinto 1501, elaborado com 100% de Cabernet Sauvignon.

Um comentário:

  1. Sobre o vinho tinto 1501, elaborado com 100% de Cabernet Sauvignon.
    Onde encontrar?

    ResponderExcluir